A abertura da temporada 2015 do Palavras Cruzadas foi com Lira, ex-líder do Cordel do Fogo Encantado e cantor que sempre trouxe a poesia falada para osseus espetáculos, e André Vallias, artista visual, tradutor e poeta dedicado a criar uma poesia integrada às novas tecnologias. Foi o próprio Lira quem sugeriu o André como parceiro de criação deste espetáculo, após se conhecerem numa mesa sobre poesia digital na Flip deste ano.
A ideia também me empolgou por conta da possibilidade de um diálogo entre a tradição da poesia oral – o universo dos cantadores e repentistas, que foi uma grande influência na formação do Lira – e o aspecto visual da poesia e dos vídeo-poemas do André.
O trabalho do André como tradutor também ficou bastante evidente no espetáculo. Lira declamou traduções de poemas de Elizabeth Bishop, Emily Dickinson, Paul Celan, entre outros. A criação musical contou com Dustan Gallas, da banda Cidadão Instigado, que tocou piano e guitarra durante as apresentações. O resultado foi um recital com muitas geografias, indo do sertão à Rússia, dos concretistas aos povos indígenas, homenageados em textos de Kafka e no poema Totem, de André Vallias.
01. [Se nada fiz na jornada…]
Zé Bernardino: S. José do Egito (PE), 1900 – ?
02. Tristes Trópicos
Augusto de Campos: São Paulo (SP), 1931
03. Sidarta – José Paes de Lira e Jorge du Peixe
04. Um Capote/ A Coat
William Butler Yeats: Dublin (Irlanda), 1865 – 1939
05. Eurídice – André Vallias
06. Ducontra – José Paes de Lira e Bactéria
07. Cultura & Recursividade – André Vallias
08. Ser – José Paes de Lira e Pupillo
09. Números / Числа
Velimir Khlébnikov: Malye Derbety (Rússia), 1885 – 1922
10. Palavra/ Ein Wort
Gottfried Benn: Mansfeld (Alemanha), 1886 – 1956
11. IO – André Vallias (trilha: Lica Cecato)
12. [Vive as vidas… / Leb die Leben…]
Paul Celan: Czernowitz (Romênia), 1920 – 1970
13. [A palavra dita… / A word is dead…]
Emily Dickinson: Amherst (EUA), 1820 – 1886
14. Retórica – André Vallias
15. Adebayor – José Paes de Lira
16. Mata-Mata – André Vallias
17. Sobre a minha porta/ Über meiner Haustür
Friedrich Nietzsche: Röcken (Alemanha), 1844 – 1900
18. Rio Morro – André Vallias
19. Uma Arte/ One Art
Elizabeth Bishop: Worcester (EUA), 1911 – 1979
20. Ah se não fosse o amor – José Paes de Lira e Dan Maia
21. Ai! Se sêsse!
Zé da Luz: Itabaiana (PB), 1904 – 1965
22. Morte e Vida Stanley – José Paes de Lira
23. [Irmão das almas], de “Morte e Vida Severina”
João Cabral de Melo Neto: Recife (PE), 1920 – 1999
24. [A noite, coalhada… / Ночь, полная созвездий…]
Velimir Khlébnikov: Malye Derbety (Rússia), 1885 – 1922
25. Noite fria – Luciano Queiroga e José Paes de Lira
26. Canto dos emigrantes
Alberto da Cunha Melo: Jaboatão dos Guararapes (PE), 1942 – 2007
27. Vontade de virar índio/ Wunsch, Indianer zu werden
Franz Kafka: Praga (Áustria-Hungria), 1883 – 1924
28. TOTEM – André Vallias
29. Poema-onça – André Vallias
30. Zédgar Dantas Poe – André Vallias e José Paes de Lira
Acauã – Zé Dantas: Carnaíba (PE), 1921 – 1962
31. Flua – André Vallias
Lira é natural de Arcoverde, no sertão pernambucano, onde desde cedo frequenta recitais e pelejas de cantadores e violeiros. Foi vocalista da banda Cordel do Fogo Encantado durante 14 anos. Em 2015, lançou seu 2º álbum solo, O Labirinto e o Desmantelo.
André Vallias é designer gráfico, tradutor e um dos poetas brasileiros mais dedicados à busca de uma poesia integrada às novas tecnologias. Acaba de lançar o livro Oratório, poema originalmente publicado em formato digital e que só agora ganha a versão impressa.